O que é

O tema deste blog surgiu de um vídeo da psicóloga estadunidense Sherry Turkle. Em uma palestra do TED, ela discorre sobre como a relação do homem com os aparelhos tecnológicos tem transformado, seja em aspectos sutis ou escancarados, as nossas relações com nós mesmos, com pessoas ao nosso redor, e até mesmo com os aparelhos em si.

Sempre que uma ferramenta é criada pelo homem e seu uso é popularizado, a vida humana muda. Foi assim com as ferramentas produzidas com pedra lascada, na Pré-História; com as maquinas da industria têxtil que deram início uma revolução (economica e social) na Europa do século XVIII; com a popularização da World Wide Web (WWW, também chamada de Internet) no século XX até hoje. Aqui daremos um destaque para a hiperconexão que já é comum no cotidiano, o que inclui: o uso excessivo de smartphones, tablets e notebooks, a “necessidade” de conexões virtuais em sites de relacionamentos e a vida na sociedade (virtual e real). Será que temos uma real consciência de como essa cultura high-tech influencia o nosso modo de pensar, nos comunicar, nos comportar, etc?

As redes sociais não são nenhuma novidade, uma vez que somos seres sociais – ou seja, não só temos a capacidade de, mas necessitamos nos associar a outras pessoas, formando grupos. No livro Redes Urbanas, de Fábio Duarte, Carlos Quandt e Queila Souza, temos uma definição do que seria uma rede social:

“Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes (…) a conexão fundamental entre as pessoas se dá através da identidade. “¹

Os avanços tecnológicos dos meios de comunicação (internet, celular, televisão) prometeram nos aproximar de quem estava longe de nós e ampliar as nossas redes sociais. Essa promessa foi cumprida, no entanto, surgiram efeitos colaterais que ninguém havia previsto no começo: as pessoas se aproximaram daqueles que estavam longe e se afastaram de quem estava perto, nos viciamos em nos comunicar a longa distância e desaprendemos a conversar cara a cara. As gerações mais novas (com raros casos de lucidez) não foram apresentados as antigas formas de se relacionar. Como diz Michel Serres no livro Polegarzinha, a nossa geração habita o virtual e entra em contato com este mundo híbrido através de aparelhos tecnológicos (em especial TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação que interferem e mediam os seres).

Um fator extremamente importante para o nosso “vício” na comunicação via internet (redes sociais), Whatsapp ou até mesmo o velho “torpedo” vem do fato de que nesses meios nós podemos controlar tudo o que dizemos, algo extremamente tentador. No entanto, as gerações passadas (na qual grande maioria já está tão viciada quanto as mais novas) acreditam que a conversa direta com pessoas próximas, sujeita a erros ou falhas de comunicação, desenvolve nosso caráter.

Enfim, as mudanças comportamentais. Em 1964 McLuhan já afirmava que “Toda tecnologia gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo. Os ambientes não são envolvidos passivos mas processos ativos”². Nos propomos a escrever aqui sobre este mundo que nos cerca e que nos é tão familiar. Nos propomos a refletir sobre como somos moldados por causa da nossa relação com os meios. Escreveremos sobre a nossa era digital, high-tech, as nossas comunidades “virtuais e reais”, nossa contemporaneidade. Escreveremos sobre nós.

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¹[Duarte, Fábio e Frei, Klaus. Redes Urbanas. In: Duarte, Fábio; Quandt, Carlos; Souza, Queila. (2008). O Tempo Das Redes, p. 156. Editora Perspectiva S/A.]

[McLuhan, Marshall. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM. [S.l.: s.n.]

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